domingo, 29 de junho de 2008

Liberando o Id.

O dia está bonito hoje, fazia um tempo que o calor e o frio não entravam em equilíbrio. O céu azul e o vento fresco. Que dia é hoje? Quarta-feira. Nossa! Em plena quarta-feira e eu no bar da zona sul do Rio, sozinha. Agora me lembro claramente de minha mãe me dizendo para não começar a beber.

Vou pedir mais uma caipirinha, é só esperar o garçom olhar. Aliás, caipirinha foi a primeira bebida regada à álcool que provei, uma das poucas que gostei. Nunca gostei muito de cerveja, nem de chopp, e a minha maior dúvida em relação à isso é como as pessoas conseguem beber cerveja como água. Deve ser um bloqueio meu, a única explicação.

Opa, o garçom olhou. Mais uma caipirinha, por favor.

Acho que todos aqui no bar estão bebendo cerveja, menos eu. Se bem que não sei diferenciar cerveja de chopp aparentemente, só se for pelo formato dos copos. É, olhando os copos, acho que se dividem entre cerveja e chopp.

Me lembro do meu primeiro chopp, no subúrbio, onde morava. Fui com uns amigos jogar sinuca e acabei sentada à mesa com um copo cheio de chopp e ouvindo: "Prova, sente a espuminha". Provei, não gostei e depois não quis mais tentar para verificar se iria acabar gostando.

Obrigada, pode fechar a conta.

Só tomarei mais essa, duas está ótimo. Parei aqui sem um motivo concreto, não estava fazendo nada mesmo. Da próxima vez tentarei desbloquear-me em relação à cerveja.

(...)

Não, não vai adiantar nada, eu já tentei, até já bebi cerveja com coca-cola. Quando se é menor é assim, tudo que é alcoólico se mistura em refrigerante para não desconfiarem ou sei lá a razão. Sei que bebi muita cachaça com coca-cola. Não gostava de vodka, continuo não gostando. Gosto de uma boa cachaça. Mas não sou cachaceira, é uma denominação muito forte, sou apenas uma apreciadora da bebida alcoolica brasileira.

O garçom está demorando. O bar está cheio, deve ser esse o motivo, e nem é sexta-feira, existem mais desocupados do que imaginei. Sou a única bebendo sozinha, bem estranho isso.

(...)

A conta. Os 10% do garçom. Dúvido que os 10% vão para eles, é só uma forma dos patrões lucrarem mais. Da próxima vez darei os 10% separado, na mão do garçom. É, eu não devia ter vindo andando, vou chamar um táxi, preguiça de andar.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Mundo melhor

Dedicado à uma amiga.

Eu admito, faço piadinhas com os hippies com o fato de alguns não se depilarem e sempre uso a expressão "Vai abraçar uma árvore" quando alguém diz que gosta dos hippies, mas também admito que os admiro. Eu queria ter nascido na década de 50, e ter participado do woodstock em 69, eu queria ter feito parte de um movimento que mudou o mundo em alguns aspectos, eu queria ter participado de uma época onde as drogas não eram usadas de uma forma feia e sim apenas para liberdade.
Eu admiro o movimento hippie.
Lutaram pela natureza, pela liberdade de expressão e pela paz, estou começando a achar que estamos precisando de outro movimento hippie, acho que começarei um. As guerras continuam e tem quem se orgulhe disso, os animais ainda são mortos e tem quem os penduram na sala, as drogas são lucrativas para o tráfico e tem quem não ligue, e alguns ainda não notaram que somos todos iguais e insistem em serem preconceituosos.
A humanidade, como um todo, errou muito, vemos isso hoje.
Uma coisa que eu andei pensando, dizem que as calotas polares estão derretendo por causa do efeito estufa, mas acho que isso é apenas um porcesso natural. O mundo não passou pela era do gelo? Então, aquele gelo todo teve que derreter, e creio que não havia ninguém com uma indústria gigante furando a camada de ozônio. Lógico, o processo de degelo pode ter acelerado, mas acho que não é pra tanto.
Pensando bem, é pra tanto sim, se alguém levantasse o dedo, pegasse o microfone e falasse: "Relaxem, isso que estamos passando é normal.". Não ia dar muito certo, íamos continuar tomando banhos longos ou desmatando a amazônia, precisamos de um sacode para nos tocarmos .
Não era esse o mundo que eu queria ter crescido, e não é esse o mundo que eu quero que meus filhos, netos, bisnetos, tataranetos cresçam.
Decidi que hoje começa uma 'monorevolução', eu sozinha comigo mesma, mudarei meus hábitos. Se todos fizermos uma 'monorevolução movimento hippie', vamos acabar tendo uma 'polimonorevolução movimento hippie' e um mundo melhor.

Começa a campanha: Faça sua 'monorevolução movimento hippie'!

Fica a dica.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Sorte de Hoje

“Sorte de hoje: Evite tomar decisões precipitadas.”


“Quem é você para me dizer o que devo e o que não devo fazer?”

Foi o que pensei assim que li a tal “sorte de hoje”, geralmente ela é repetitiva, diz que terei uma velhice confortável, o que acaba me garantindo que morrerei velha e feliz, ou seja, não terei dificuldades com contas a serem pagas, terei uma família estruturada, e provavelmente eu tenha uma cama confortável, ou um sofá, vai saber. A “sorte de hoje” sempre acaba me fazendo pensar além do que ela diz.

Evitar tomar decisões precipitadas, quer dizer que se eu tomar uma decisão precipitada não serei bem sucedida, é, o óbvio, mas como saberei que é precipitada? Toda decisão tem que ser pensada precipitadamente, o que me vem a crer que toda decisão é precipitada. Portanto, não deverei tomar nenhuma decisão hoje. Decisões, mas os nossos atos são decisões, se eu for até a cozinha, será uma decisão, eu decidi, por conta própria ir até lá, se eu der um passo já é uma decisão. É, acho melhor passar o dia deitada. Deitada. É, está decidido, vou passar o dia deitada!

“Está decidido”?

Ah, droga, acabei de fazer uma decisão. Então o que eu vou fazer? Eu sabia que deveria parar de ler essas “sortes de hoje”, sempre me deixam horas pensando, e eu nunca imaginei que a expressão “tomar decisões precipitadas” me deixaria tão agoniada. Lembro quando a sorte dizia que teria uma carreira bem sucedida, fiquei tão feliz, eu nem precisaria mais estudar, enfim, minha carreira já estava garantida mesmo, pena que depois eu cheguei à conclusão que só estudando teria a tal carreira bem sucedida.

Geralmente não é só a “sorte de hoje” que me deixa pensando, o horóscopo também. Peixes, meu signo, hoje, por exemplo, disse para aprender a contar com a solidariedade dos outros, todas as pessoas do signo de peixes de todo o mundo estavam com o mesmo horóscopo que eu? Que saco hein, teremos que ficar dependendo da solidariedade alheia. Ou seja, hoje eu teria que não tomar decisão alguma e ficar esperando que alguém seja solidário comigo. Mas o que a pessoa solidária faria em prol de alguém não pode tomar decisão alguma? Oras, poderia tomar decisões para o incapacitado, no caso, a incapacitada, eu. Então vê se entendi, deverei seguir ordens, ou para soar mais sutil, deverei fazer exatamente o que o próximo desejar para o meu próprio bem. Sendo assim, não realizarei nada por vontade própria, e não terei personalidade por um dia. Chegando a conclusão que a “sorte de hoje” e o horóscopo do jornal que compro todas as manhãs, não estão me ajudando em nada, e só me prejudicando.

Porque eu continuo comprando esse jornal? Amanhã não irei comprar. Comprarei outro, experimentar novas coisas, afinal notícias são notícias, e espero que o horóscopo seja mais amigável. E sobre a tal sorte, vou parar de ler, elas acabam me trazendo muita dor de cabeça, e sempre chego uma conclusão que não me acrescenta coisa alguma, até diminui, como a de hoje, por exemplo. Ou quem sabe eu deva arrumar alguma coisa para fazer?

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Decisão Capitalista.

Eu sei, a vida é feita de escolhas, fazemos escolhas o tempo todo, mas acho que as mais difíceis são as que vão mudar todo um futuro. Como dizer sim a uma proposta de casamento ou escolher a carreira profissional, e esta é exatamente a que estou tendo que escolher. O que fazer na faculdade?
Quando se é criança é tudo mais simples, nem o nome ‘faculdade’ é mencionado, apenas decidimos ser quando crescermos, e sempre são aquelas clássicas, como jogador de futebol, astronauta, professora, veterinária ou apenas rica. É eu queria ser veterinária, até que eu descobri que não ia dar muito certo e parei de pensar nisso. Acho que a partir daquele dia em que me desliguei da carreira veterinária parei de pensar em qualquer outra profissão e apenas almejava dinheiro, droga de sociedade capitalista em que nasci.
Só voltei a pensar com 14 anos, no auge da minha oitava série me preparando para os concursos de segundo grau, como escolas militares e técnicas, aliás, passei para uma escola técnica. Sim, me formarei como técnica em turismo este ano. Turismo, quando eu escolhi queria fazer biologia marinha e me tornar bióloga do IBAMA, nada muito a ver com turismo, mas minha escolha foi por ter a leve impressão que seria bem mais divertido do que mecânica ou eletrônica, e é, foi, está sendo.
E agora que estou com 17 anos, pré-término do segundo grau, pré-término do técnico, pré-dezoito anos, pré-faculdade?
Já escolhi direito, depois jornalismo, voltei para biologia, aí dei um pulo em publicidade, outro em desenho industrial, então voltei para o direito, jornalismo, direito, jornalismo e no momento nada.
Nada é uma ótima escolha.
Acho que permanecerei no nada, farei todas as provas do vestibular simplesmente sem propósito nenhum. Talvez no final de todas as carreiras tenha um quadradinho escrito “Outros”, dois pontos e uma linha a ser preenchida. Será o ideal, preencherei com: “Qualquer curso que minha nota se encaixe, fique à vontade.”.
Seria tão mais fácil se eu tivesse um talento para música, fosse uma exímia atriz, tivesse aprendido derivada com quatro anos ou ter nascido em uma família rica, milionária ou talvez bilionária, sem problemas. Com toda certeza não estaria nessa indecisão toda.
Deve ter mais 345.874.009 pessoas na faixa entre 16-24 anos que estão na mesma situação que eu, deveríamos nos unir, pra que eu não sei, mas deveríamos. Está bem, não deveríamos, seriam 345.874.010 (agora contando comigo) sem propósito algum, íamos piorar as coisas, deixa cada um em seu canto com suas indecisões.
Decidi.
Irei decidir na hora.
Quero ser rica, não sair do Rio de Janeiro, morar na Urca e respirar aquele ar todos os dias, andar de bicicleta, passear com o meu Labrador caramelo, ter um ateliê de arte, um estúdio, um namorado bonito... Enfim, esse é meu propósito!
Como chegar até ele eu não sei. Ainda.

Yzadora Monteiro