sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A clara escuridão da sobriedade embriagada.

Ontem dormi.

Não existe mar, não existe terra. Na falta de horizonte, o sol se põe azulado entre bigodes risonhos. As flores espalham sementes nas mãos siderais. Em um sopro estelar, passarinhos sobrevoam os caminhos coloridos escorridos. Cantam, pois não querem clamar. Eu sou gota amarelada de um copo quebrado e bêbado. O vidro reflete o recente buraco remoto negro. Tiro o paletó e entro no barquinho. Festa de sol na lua.

Geia me perguntou baixinho se eu existo. Não respondi, a música estava alta. Sete pecados discotecam a psychomachia. Urano me enviou um bilhete no guardanapo invisível. Agora sou vice-rainha do universo. Minha castidade é menor do que a luxúria. Mas minha luxúria não é maior do que a temperança. Notas sonoras cutucam meu ouvido surdo. Amplificadores planetários tremem a escuridão.

Moro nos montes, nos rios, nas fontes. Moro na gruta mais bruta que uma fruta. Possuo poderes e um deles é adiantar meses. Dentro de dois mil e doze tics e tacs pontuais, Tonatiuh beijará Metztli. Afinal, não existirá mais ninguém para impedir. Você tem medo? Eu também. Mas é no medo que olhos se fazem fortes e enfrentam a realidade.

Hoje acordo.