terça-feira, 18 de novembro de 2008

Ruy Barbosa, o humilde.




Nada contra o Ruy Barbosa, até gosto dele.
Primeiro que ele tem até uma rua, quisera eu ter uma rua. Nasceu 1849 na rua dele, em Salvador. Tudo bem que na época não se chamava Rua Ruy Barbosa e sim Rua dos Capitães, mas isso não vem ao caso. Coitado dos Capitães, trocaram os capitães, que são vários, ou pelo menos mais de um, por um único indivíduo: Ruy Barbosa, o humilde.

Dizem por aí que aprendeu em quinze dias análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar todos os verbos regulares. Grande coisa, não? Se me dessem quinze dias eu aprenderia o pacote Ruy Plus verbos irregulares.

Na última sexta-feira tive a oportunidade de fazer uma pequena visita à casa do Ruy. Nove horas de uma manhã chuvosa em um jardim ligeiramente imenso, maior que o meu quarteirão, tenho quase certeza. No canto esquerdo avisto uma casebre, será aquela a casa? Não, era apenas uma casa de quatro paredes com um chuveiro power no meio, para as crianças se refrescarem após um dia de brincadeira no playground particular.


Lado direito: um casarão salmão. Será essa a casa? Sim, meu palpite foi certeiro.
Dez horas de uma manhã nublada, lá estava eu, a quase humilde, adentrando à casa do Ruy, o próprio. Uma escada de madeira escura, cômodos, o banheiro. Naquela época os banheiro eram situados fora da casa ou com o uso daqueles sanitários móveis, mas Ruy exerceu sua humildade, era dono de um vaso sanitário fixo e com descarga!

Lembra da história do uso das velas? É verdade, mas Ruy tinha seus contatos, a LIGHT, e o exercício de uma de suas maiores qualidades entrava em vigor novamente. Enquanto pessoas traziam a luminosidade com fogo após o sumiço do sol, Ruy à trazia com um interruptor!

Quanta humildade!

As tardes de música formadas em seu piano de calda acompanhados por, nada mais nada menos, histórias de Machado de Assis contadas pelo próprio. Em sua biblioteca particular, livros em todas as línguas, menos na língua do "p". Se você não sabe a língua do "p" não fique triste, Ruy Barbosa também não sabia.

Lavar louça com água quente, chamar criados por um sistema revolucionário, hoje usado em hospitais para chamar enfermeiras, acender a luz modernamente, ter Machado de Assis na sala de casa, usufruir de um amplo jardim com chuveiro refrescante, ter um playground particular, entre outras regalias à apenas alguns quilômetros de sua casa.

Viva Ruy Barbosa, o humilde!

Ah, quase me esqueci, nasci muy perto da casa do Ruy, quanto prestígio!