Eu me apaixono fácil.
Certa vez, me apaixonei só de vê-lo dançar. Durou 3 anos e
depois passou – parecia chuva de verão. Já quis namorar uma música, mas percebi
que não seria possível no momento em que acabou – foram ótimos dois minutos e
quarenta e oito segundos.
Por 2 ou 3 meses, houve um menino espanhol em minha vida. Quando
nos víamos, quase não conversávamos. Mas todas as noites eu me despedia e ele
dizia “boa noite, Wendy”. Conquistou meu coração.
Outro dia mesmo, o levantar de sobrancelhas despertou paixão
e o sopro torto de fumaça me fez sorrir. Eu queria poder controlar isso tudo.
Mas é impossível não se apaixonar por um beijo demorado, um mexer de ombros
envergonhado ou um presente inesperado.
Dois amigos já me dividiram. Ganhei um casaco feito por uma
avó que não era a minha. Entrou para o ranking das coisas mais lindas que
recebi de surpresa. O outro me deu um Kinder Ovo. Apaixonantes.
Sotaques também me ganham. E o dos gaúchos estão em disparado. O
meu primeiro deitou de bruços e falou sobre a ex. Foi lindo conhecer a
vulnerabilidade de alguém. O segundo disse que amava Novos Baianos. O terceiro me
chamou de guria e me derreti ao fim da palavra.
Não posso esquecer daquele que não fez nada mais do que
existir. Inventei toda uma personalidade e me apaixonei. Já quis casar com uma
cidade, tirar a roupa para uma frase bem colocada e abraçar um jeito de mexer
no cabelo.
Paixão não é nada muito rebuscado. Não a reservo para
poucos, apenas deixo vir. E ela vem. Pode ser em forma de sorriso, de brilho
nos olhos. As mais avassaladoras descompassam o coração. E o meu descompassa
fácil.
Existe também o desapaixonar, mas eu nunca lembro os
motivos.
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