A gente precisa conversar. Senta aqui do meu lado e tenta não olhar nos meus olhos. Preciso falar algumas palavras tortas e mal formadas. Prematuras e apressadas. Está acontecendo um imprevisto entre nós dois – um devaneio matutino, uma busca sem sentido.
Não me pergunte o que acho disso, se preciso, se quero ou se devo. Apenas ouça. Escute cada fagulha de pensamento e depois mude de assunto. Podemos falar sobre cinema francês, música britânica, literatura latina, gastronomia italiana e beleza americana. Mude de assunto como você sempre faz. Transforme todas as minhas confissões em simples emaranhado de letras mal costuradas.
Talvez seja melhor não. Só assim evitarei sua testa franzida.
Narrador Personagem, Infelizmente.
Há 12 anos
3 comentários:
Talvez este seja o texto mais sensível e direto que você já escreveu.
achei otimo, uma crónica bem poetica
As vezes certas conversas quase-introdutórias são rememoradas, montadas, ensaiadas por horas e dias antes de se dar a verdadeira comunicação.
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